Vamos nos conhecer? é um ensaio sobre autoconhecimento. Reflexões sobre a arte de conhecer melhor a si mesmo. Uma arte que não cessa, infinita e que todos sao chamados. Faz parte da nossa evolução.
Experimento a vida pela janela do apartamento
Acreditando que conhecer é saber
Folheando, devorando páginas de livros e artigos de Internet
Confundindo virtual com real
Racionalizando o amor
Mistificando a vida
Rituais me fazem crer que “tudo ficará bem”
Que basta um toque mágico de alguém “especial”
Confio, espero, me entrego
Sinto alívio, volto a sorrir
Na próxima curva, encontro-me com o sofrimento novamente
Disfarçado, com outra roupagem
Outros motivos, novos personagens
Mas reconheço sua face
Será que me iludi, acreditando que já estava tudo resolvido?
Desespero, angústia, raiva, dúvida, insegurança
A velha culpa, em mim mesma ou procurando alguém a quem culpar
Você quer a minha culpa? Indica alguém?
Tem sempre alguém disposto a assumir a culpa
Aos poucos, percebo o quão é verdadeiro o texto abaixo, desconheço a autoria, mas registro a minha gratidão
“Andei por uma rua e havia um buraco profundo na calçada.
Caí dentro do buraco.
Gritei, estou perdido.
Não tive nenhuma ajuda.
Porém, a culpa não é minha, mas do buraco.
Levei tempo para sair dali.
Andei pela mesma rua, havia um buraco profundo na calçada.
Fingi que não o vi, e caí novamente.
Não posso crer que estou de novo no mesmo lugar, mas a culpa não é minha, mas do buraco.
Vou lutar e sair daqui.
Andei pela mesma rua; ainda há um buraco profundo na calçada.
Vejo que o buraco ainda está ali.
E, por um descuido, caio novamente dentro dele.
Isso se torna um hábito.
Meus olhos estão abertos, mas não vê.
Sei onde estou, a culpa é minha.
Vou sair daqui imediatamente.
Andei pela mesma rua; ainda há um buraco profundo na calçada, mas consegui passar ao lado.
Sabendo que naquela rua há um buraco, decido ir por outra rua.”
Mas agora reconheço
Que todas as formas de fuga me conduzirão ao mesmo lugar: para dentro de mim mesma
Está escuro aqui
Não há nenhum “salvador da pátria”
Todas as palavras que li e ouvi estão soltas
Quantas experiências maravilhosas eu vivi
Quanta beleza e aprendizado há aqui dentro!
Muitas lições foram feitas, outras, escondi, adiei
Entulho que precisa de reciclagem
Acontecimentos e sentimentos antigos que quero, simplesmente, arquivar
Aprendizados que foram esquecidos e posso praticá-los novamente
Parece um quebra-cabeça à espera de ordem
Agora compreendo que saber não é sabedoria
Muito do que aprendi carece de coerência: manter a palavra e a ação na mesma direção
Será que preciso de decisão firme, corajosa e determinada para ser o Eu Sou?
Hei! Tem alguém aí?
Espere um pouco
Há um rosto conhecido, uma energia que me atrai, uma luz pequenina e suave
Aos poucos, chego mais perto
Ela abre os braços e com um sorriso acolhedor me convida
“Vamos nos conhecer?”
Abraço fraterno!